História

Vila-Longa

As origens…

Instrumentos de pedra lascada do período paleolítico inferior e médio testemunham a ocupação destas terras, por povos nómadas, junto dos principais cursos de água – Tejo. Já no final do período neolítico, comunidades que se ocupavam da agricultura e criação de gado, ocuparam as elevações e vales desta zona .Atestam-no os cemitérios dolménicos de Monte Serves e Casal do Penedo em Vialonga , bem como grutas funerárias na Verdelha do Ruivo ( em parte desaparecidas ou danificadas ). Foram também encontrados objectos de carácter religioso, adornos, armas metálicas e cerâmica campaniforme.

Pensa-se que o povoado local remonte à época da dominação árabe esta ideia é suportada por algumas designações toponímicas ainda existentes, como Alpriate e Alfarrobeira.

Foi, desde o seu início, considerada a melhor e mais fácil via de acesso a Lisboa. A comprová-lo ficou a ” Aguarella de Villa Longa” da autoria de Pier Baldi que seguia na comitiva do grã-duque da Toscana – Cosme de Medicis – que ali jantou em 1669, aquando da sua jornada por Portugal.
(Já na era romana terá feito parte da importante via de comunicação OLISSIPO/BRACARA – Lisboa/Braga).

Os documentos escritos mais antigos que se conhecem são:

• Documento de compra e venda, datado de 1191, de uma propriedade em Alpriate, também referenciado nas Inquirições do reinado de Afonso III no século XIII.

• Petição feita pelos ” vizinhos de Vialonga “, em 1390, para erguer uma ermida, para cumprimento dos seus deveres religiosos, já que a Colegiada de S.André, integrada na paróquia de S. Iria da Azoia, à qual pertenciam até então, fora transferida para Lisboa, a 18 Km de distância.

• Carta de Privilégio, concedida por D. João I aos Caseiros da Quinta de Vialonga em 1397.

A sua denominação apresentou ao longo dos tempos algumas pequenas diferenças: Vila Longa, Via Longa, Via-Longa, Vila-Longa, Vialonga.

Território e Organização Administrativa
1527 – Desde esta data Vialonga esteve incluida no termo da capital do Reino. A posse da terra pertencia á Coroa, a tutela administrativa cabia ao Senado Lisbonense; do ponto de vista judicial era sujeita ao Corregedor do Crime do Bairro da Ribeira em Lisboa; eclesiàsticamente enquadrava-se na Diocese de Lisboa Oriental.

1852 – Extinto o Termo de Lisboa, por diploma de 11/09, foi a Freguesia de Vialonga incorporada no concelho de Olivais.
1886 – Em Julho deste ano procedeu-se a nova remodelação do concelho de Lisboa e Vialonga passou a integrar o concelho de Vila Franca de Xira.
1974 – Em Junho deste ano procedeu-se à instalação da primeira Comissão Administrativa na Autarquia.
1976 – Realizaram-se em Dezembro as primeiras Eleições Autárquicas.
1985 – Em 24 de Setembro Vialonga foi elevada à categoria de Vila.

Quadro Económico e Social
O clima ameno e o solo fértil desta zona atrairam muitas famílias abastadas que aqui construiram quintas, na sua maioria como residência refúgio depois do terramoto de 1755:

Do Convento de Nª. Srª dos Poderes, de Miraflores ( Verdelha dos Ruivos ), de Lafões ( Alpriate ), de António Couceiro ( Morgado ), do Conde de Vale dos Reis ( Flamenga ), do Desembargador Filipe Abranches ( Mogos ), de D. José Botelho ( Verdelha ), do Duque do Cadaval ( Alfarrobeira ), da Palmeira, do Serpa, dos Caniços, de D. António Silveira, de Boca da Lapa, de D. Francisco Noronha.

Habitadas temporária ou permanentemente por famílias de classe social elevada, algumas delas eram verdadeiras obras de arte e bom gosto. Desse esplendor ainda hoje restam alguns vestígios.

Constam também registos de grande quantidade de casais:

Sta. Cruz, Carrapito, Aguieira, Barqueiros, Carriça, Concelos, Curral, Espragal, Estanques, Monte, Murtais, Pilotas, Freixo, Granja.

A maior parte do povo ocupava-se do trabalho agrícola ( trabalhadores braçais, lavradores, caseiros, rendeiros, guardadores de gado, moleiros ).

Havia alguns artífices e outros profissionais ( pedreiros, sapateiros, barbeiros, alfaiates, tendeiros, um pescador e um barqueiro).

A pedreira do Conde de Vale dos Reis , junto aos Casais de Sta. Cruz, ocupava também alguma mão de obra na obtenção da pedra de lioz de várias cores.

Como profissões mais diferenciadas havia um médico, um cirurgião um boticário, um homem de negócios e vários eclesiásticos.

As classes altas serviam a magistratura, a Igreja e o Exército.

Nesta zona se travou em 1449 a batalha de Alfarrobeira, entre o rei D. Afonso V e o infante D. Pedro ( morto no combate ).

Estabelecido na Igreja de Nª. Srª da Assunção, sustentado pela Mesa da Irmandade das Almas, existia um Hospício , ” para agasalho dos pobres mendicantes “.

Um ” padecimento contumaz e importuno ” – a dor da pedra ( cólica renal com litíase ) – era tratado, ao que diziam com êxito, com a água do Casal do Carrapito.

Também à imagem de Santa Eulália eram atribuidas propriedades curativas para alguns padecimentos; para o efeito o ermitão preparava um unguento a partir do pó que extraia da pedra de que era feita a imagem.

Religião
Várias ermidas, igrejas e conventos davam testemunho da religiosidade da população à época.

Ermidas
Divino Espírito Santo (Boca da Lapa);
Santa Maria Madalena, S. João Batista e Nª. Srª. da Conceição (Morgado);
Nª. Srª. da Penha de França e de S. António (Vialonga);
S. Serbastião (Cabo);
Santa Eulália (Santa Eulália);
Nª. Srª. do Rosário (Verdelha);
Santo António (Flamenga);
Nª. Srª. da Graça (Cadaval);
Nª. Srª. dos Poderes ( Alpriate ).

Conventos
Convento de Nª. Srª. do Amparo, ( também identificado como Casa Nova ), em Verdelha do Ruivo de frades capuchos, fundado em 1546;
Convento de Nª. Srª dos Poderes, na Quinta de S. Maria, de freiras franciscanas até 1575 passando nessa data para a Ordem de Santa Clara, fundado em 1562.

Igreja de Nossa Senhora da Assunção
Inicialmente erguida pela população em 1390, hoje Igreja Paroquial de Vialonga, sofreu algumas reedificações ao longo dos tempos, a primeira das quais já no século XV.

Possuia tantos altares quantas as Irmandades.

No templo actual coexistem elementos dos séculos, XVI, XVII e XVIII, merecendo realce especial:

Capela baptismal renascentista, altar de mármore, retábulos de talha dourada, púlpito de mármore, paineis de azulejos, pinturas de tela, etc.

Foi classificada como imóvel de interesse público em 1993.

Figura Insigne
Foi criado na Verdelha o Venerável D. Fr. Bartolomeu dos Mártires, que viria a ser arcebispo de Braga. Autor de obras sacras, tornou-se notado pela ” eloquentíssima” intervenção que fez no Concilio de Trento. Foi beatificado, pelo Vaticano, em Novembro de 2001.

Vialonga é hoje uma vila em grande crescimento.
A sua proximidade a Lisboa e à auto-estrada do Norte, bem como a melhores vias de acesso, entretanto construídas, dão-lhe características de privilégio que se reflectem especialmente no aumento demográfico e consequente expansão urbana.

É assinalável que este crescimento urbanístico , a par da instalação e implementação de pequenas indústrias e serviços, que valorizam a vila e motivam a fixação de pessoas, coexistam, em perfeita harmonia, com os bairros e lugares antigos numa paisagem marcadamente agrícola, de que esta região sempre se orgulhou.

Vialonga possui uma boa cobertura de Infraestruturas de Base e Equipamentos Colectivos, além de um número razoável de Instituições e Associações de reconhecida notoriedade que permitem projectar a Freguesia, em toda a sua extensão, para um futuro promissor.

O PDM considera para a área da Freguesia de Vialonga um conjunto de equipamentos recreativos, desportivos, culturais e de lazer, áreas de expansão urbana, industrial, comercial e de serviços que irão proporcionar o crescimento e desenvolvimento devidamente organizado que obrigatoriamente contribuirá para uma melhor qualidade de vida para os actuais e futuros moradores da Freguesia de Vialonga “… onde o horizonte se alonga e se prolonga…”